cultura de um povo está naquilo que tem à sua mesa, no que melhor sabe fazer, no que resulta seu labor e nos ditames do sabor´. Estamos perante uma região cuja cultura remonta a períodos ancestrais, uma terra antiga e regida pela natureza, com tradição na lavoura e na pecuária, onde o cultivo de vinhos está documentado nos períodos romano e idade média. Uma terra de costumes caseiros fortes e enraízados, ditados pela vida no campo e pelo destino do seu vinho. Arcos e Mogofores são possuidoras de um património que é, essencialmente, uma herança cultural. Pode ostentar séculos ou milénios, mas deve ser sempre entendido como um conjunto de manifestações que emana dos mais diversos graus do conhecimento humano, gerado por múltiplas gerações que, à sua maneira, compreenderam a necessidade de transmitirem algo aos vindouros.
Quem visita as Freguesias de Arcos e Mogofores, não pode deixar de passar pelos Paços do Concelho, Igreja Paroquial de Arcos, Igreja Paroquial de Mogofores, Capela de São Sebastião, Capela de Nossa Senhora das Febres, Capela de São Mamede, Cruzeiro de Arcos, Museu José Luciano de Castro, Museu do Vinho, Casas Senhoriais nos diversos lugares da Freguesia.
ROTA DA BAIRRADA
Bairrada é uma região vinícola portuguesa situada na Beira Litoral, que se estende entre Águeda e Coimbra até às dunas do litoral Atlântico. A região tem a classificação DOC, Denominação de Origem Controlada e destaca-se pelos tintos de cor densa e elevados taninos1 , da casta local Baga, embora se notabilize também pelos vinhos brancos e espumantes qualidade, resultado da diversidade de solos. A Bairrada faz fronteira a norte com a região de Lafões(IPR) e a este com a região Dão (DOC).
A Bairrada tem um clima suave, temperado pela proximidade do Oceano Atlântico. Nesta região de terras planas destacam-se dois tipos de solos que originam vinhos diversificados: os argilosos ou barrentos, que deram origem ao nome Bairrada, e os solos arenosos.
Apesar da produção de vinho existir desde o século X, foi no século XIX que se transformou numa região produtora de vinhos de qualidade tintos, brancos e espumantes, com os viajantes a pararem nesta região para comerem o famoso leitão da Bairrada e beberem os seus afamados vinhos.
• Igreja Paroquial Arcos
Datada do século XVIII, a Igreja Paroquial de Arcos, da invocação de São Paio ou Pelágio, mártir, sofreu ao longo dos séculos várias reformas, uma das quais no arco cruzeiro, nos nichos que se abrem de lado e no tecto da capela-mor, que são modernos. O último grande restauro teve início em 1961.
Trata-se de um edifício de tipo corrente, sem altares colaterais ao arco cruzeiro, mas recortam-se nos flancos arcos destinados aos mesmos. O retábulo principal é de madeira entalhada, do tipo dos séculos XVII e XVIII, retocado no fim do século XIX, e possui imagens valiosas da oficina coimbrã, que remontam aos séculos XV e XVI. As imagens de São Pedro e São João são de calcário e datam do século XVI, enquanto que a de Nossa Senhora do Bom Leite data do século XV. Há ainda a registar as imagens de São Martinho, Santa Luzia, São Paio e Nossa Senhora do Rosário. Bonitos e valiosos são também os azulejos da capela-mor, de fabrico de Coimbra, datados de 1747, que se devem a Aires Sá e Melo, pai do 1.º Conde de Anadia, por devoção ao Santíssimo Sacramento.
Sabe-se através de um letreiro que a frontaria e a torre sineira foram mandadas fazer por Lourenço da Gama de Abreu e Lima, capelão fidalgo da Casa Real, à sua custa e por sua devoção, em 1770:
• Igreja Nossa Senhora da Conceição
Projectada por João Antunes, em finais do século XIX, início do século XX. Na época, o Instituto Salesiano de Mogofores sentiu necessidade de construir um templo mais espaçoso do que a primitiva capelinha, insuficiente para o movimento de seminaristas e para uma condigna educação litúrgica dos futuros sacerdotes salesianos. Assim, entre 1959 e 1963 deu-se a construção deste pequeno Santuário. Ao cimo da igreja encontra-se a estátua de Nossa Senhora Auxiliadora, com quatro metros de altura, ladeada por dois anjos, em pedra, com dois metros. A construção da torre foi planeada independentemente da igreja. Com quarenta metros da altura, a torre possuí oito sinos, um relógio e quatro mostradores.
Na fachada principal encontram-se também dois painéis de mosaico alusivos a S. João Bosco, apóstolo da juventude.
Capela Nossa Senhora da Piedade ou dos Pintos
A Capela de Nossa Senhora da Piedade ou dos Pintos, situada em Mogofores, foi construída para servir de sepultura ao fidalgo Cristóvão Pinto de Paiva. A capela, erguida no flanco direito da Igreja Paroquial de Mogofores, data do terceiro quartel do século XVII e está classificada como Imóvel de Interesse Público.
• Capela Nossa Senhora da Piedade
A Capela de Nossa Senhora da Piedade ou dos Pintos, situada em Mogofores, foi construída para servir de sepultura ao fidalgo Cristóvão Pinto de Paiva. A capela data do terceiro quartel do século XVII e está classificada como Imóvel de Interesse Público.
• Capela São Sebastião
É propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Anadia. Foi profundamente modificada, mostrando, no entanto, partes antigas, como os pináculos da capela-mor, do início do século XVIII, e a porta principal da segunda metade do mesmo século. O retábulo é em madeira entalhada do Barroco inicial e possui colunas salomónicas onde sobressaem as parras. O crucifixo do altar-mor, em pedra, foi talvez originariamente uma cruz de caminho. Neste templo podem ver-se pequenos baixos-relevos repintados, postos na frente dos pedestais das colunas, julgamento de São Sebastião, Santa Bárbara, Santa Águeda, São Sebastião martirizado ao qual dois anjos tiram as setas; no remate outro, a degolação de uma santa. A escultura primitiva de São Sebastião, de calcário, remonta aos séculos XV-XVI e é corrente.
Refira-se que, no dia 3 de Abril de 1696, contraíram aqui casamento Lourenço Aires de Sá e Melo e D. Francisca Joana de Mendonça, ascendentes dos Condes de Anadia, facto que demonstra a antiguidade deste pequeno templo.
• Capela São Mamede
Localizada na povoação de Famalicão, trata-se de um edifício corrente, reconstruído no século XIX e modificado ainda no mesmo século. A frontaria apresenta porta de verga curva e sineira colocada à esquerda. Interiormente, possui de valor um retábulo, dos fins do século XVII, com quatro colunas salomónicas. A escultura do titular, São Mamede, é de calcário e data de meados do século XV. O púlpito é de pedra de Ançã e do século XVIII.
Segundo informações paroquiais de 1721, neste ano, a capela já tinha sido erigida pelos moradores, para administração dos sacramentos.
• Capela Nossa Senhora das Febres
Esta capela, outrora de Senhora da Penha de França, ergue-se no alto do Monte Crasto a 93 metros de altitude. Com reconstrução moderna, muito pouco resta do que terá sido esta ermida originalmente. Apenas nas portas e cimalhas existem vestígios que nos permitem afirmar que terá sido uma construção dos séculos XVII e XVIII.
O retábulo é de madeira simples, do terceiro quartel do século XVII, com pinturas hagiográficas secundárias. A escultura da Virgem com o Menino, a que chamam Nossa Senhora das Febres, de madeira entretanto roubada, era pequena e sóbria, pertencendo ao século XVIII. O primitivo edifício foi demolido há tempos, dando lugar a um edifício moderno, onde foram apagadas todas as referências históricas.
• Capela Alféloas
• Capela do Cabeço de Mogofores
PRATOS TÍPICOS
Do variado património gastronómico da região da Bairrada, a mais rica de toda a Beira Litoral e uma das mais valiosas de Portugal, destacam-se:
• Leitão à Bairrada
• Chanfana à Bairrada
• Cabidela de Leitão
VINHOS
São néctares da região os Vinhos de Mesa, Brancos e Tintos, e os Vinhos Espumantes da Região Demarcada da Bairrada, uma das mais antigas regiões vitícolas portuguesas. Os vinhos tintos representam 90 % da produção regional, enquanto os brancos são essencialmente utilizados pela indústria dos espumantes.
As Aguardentes Bagaceiras desta região constituem igualmente um valioso sub-produto da vinificação e posicionam-se entre as melhores do País.
É de referir a existência, desde 11 de Junho de 1979, da Confraria dos Enófilos da Bairrada, a primeira a ser criada numa região vinícola portuguesa, que procura prestigiar os vinhos da região. As suas reuniões habituais, denominadas por “capítulos”, culminam com uma manifestação gastronómica, onde ocorrem personalidades não só do sector vinícola, mas também de outros quadrantes da sociedade. A Confraria dos Enófilos da Bairrada partiu igualmente para outras iniciativas, como organização de Jornadas Vitivinícolas da Bairrada, Provas Públicas de Vinhos, Visitas de Estudo a Regiões Demarcadas Nacionais e Internacionais e, mais recentemente, a elaboração do “Roteiro Gastronómico da Bairrada”.
DOCES REGIONAIS
Fazem parte da doçaria da região:
• Aletria
• Arroz Doce
• Leite-Creme
• Barrigas de Freira - Divulgado em todo o país, este doce conventual, cuja origem se perde na bruma dos tempos, é muito popular nesta Região, onde terá nascido.
• Bolo Doce Regional